Categorias
infância Poética do brincar

O menino constrói e desconstrói

starwars2
Imagem: http://www.starwars.com/news

O menino, por volta de uns cinco anos, estava inquieto na sala de espera do consultório. A mãe demorava demais. Entabulei com ele uma conversa em torno da espada que  empunhava, meio desanimado.

Ele me disse que aquela era a espada do mal, do seriado Guerra nas Estrelas.

Entrei, então, nesse mundo. No poder que aquela espada poderia ter. O menino se entusiasmou e passou a falar do que a espada poderia fazer. Fazia gestos com a arma. Narrava a saga. Eu seguia alimentando esse jogo ficcional. Não havia mais tédio.

Em determinado momento, quando viu que eu estava por demais dentro daquela ficção – e ele também – o menino faz um corte abrupto:

– Mas esta espada foi comprada.

– Mesmo?

– Sim, comprou na loja.

Então, o menino desconstrói o jogo da ficção. Pois era isso mesmo que ele queria mostrar: quando o movimento ficcional vai muito longe é necessário operar pelo reverso. Mostrar, pela desconstrução, que foi feita uma construção. Que nós podemos  entrar e sair dos nossos jogos.

Necessário dizer mais?

Por Luiz Carlos Garrocho

Pesquisador e criador cênico, arte-educador e militante estético-cultural.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.