Momento de volta às aulas e nos perguntamos, mais uma vez, sobre a formação que desejamos para nossos filhos. E também nos perguntamos sobre o que as escolas, afinal, proporcionam como formação humana.
Pensar numa escola e, portanto, conceber uma linha de formação, é entrar num agenciamento maquínico. Do material escolar, passando pela organização dos espaços, pelos relacionamentos, pelos modos de compartilhamento, tudo remete ao sentido, aos modos de subjetivação e de invenção ou reprodução social.
Foi então que uma amiga, a artista Paola Rettore, enviou-me os links de dois vídeos de uma conferência de Ken Robinson, Arte-Educador que foi consultor do governo britânico para reforma educacional e autor do livro O Elemento Chave. Com um incrível senso de humor, Robinson mostra como a atual educação, surgida como resposta para o trabalho na sociedade industrial, é incapaz de responder aos desafios do presente. A seguir, apresento os dois vídeos, em que Robinson fala sobre o modo como as escolas matam a criatividade (legendas em português), e mais outros dois, sobre outros temas relacionados à educação, com legendas em espanhol.
De fato, se questionamos a ênfase nos conteúdos, principalmente no ensino fundamental, veremos que se trata de um verdadeiro descompasso quando pensamos o mundo de hoje. Não falo somente da questão das rotinas pouco inventivas, da preocupação com a aquisição massiva de conhecimentos e de sua consequente cobrança como resultado para aprovação ou desaprovação final. Falo, principalmente, da falta de percepção e mesmo entendimento, por parte dos sistemas de ensino, das profundas transformações ocorridas no mercado de trabalho mundial: o papel das novas tecnologias, a preocupação com o meio-ambiente, o empreendedorismo social, a presença cada vez maior da cultura e das artes etc. Enfim, uma convocação imensa da criatividade humana.
Vimos insistindo na importante função do brincar na educação infantil. E denunciamos, também, o fim apressado da infância. O Ministério da Cultura do Brasil, por exemplo, incluiu as crianças de seis anos no ensino fundamental. Sem falar no despreparo de muitas instituições no trato pedagógico com crianças pequenas, sabemos no que isso vai pode dar: diminuição dos espaços e dos tempos para a cultura lúdica da infância, ocupados cada vez mais pela necessidade de alfabetizar. Acrescente-se ao quadro, a possibilidade de reter crianças no primeiro ano, que não se mostraram maduras!
Uma linha-padrão vai sendo desenhada e as crianças devem se ajustar a ela. E quando se desenha tal linha, a demarcação do que ficará de fora passa a operar. Entram em cena os mecanismos de exclusão, por mais sutis e camuflados que sejam. Tudo passa a trabalhar para a conformidade.
Agora, trazemos nossas preocupações para o ensino fundamental. Seria bom que os educadores pudessem rever seus valores. E que as instituições, por sua vez, perguntassem se estão, realmente, preparando seus alunos e alunas para o mundo contemporâneo. Isso, porque, como nos mostra Ken Robinson, grande parte de nossa educação ainda tem por paradigma um horizonte pertencente ao século 19.
httpv://www.youtube.com/watch?v=yFi1mKnvs2w&playnext=1&list=PLFD4B9E01D33F6BB1
httpv://www.youtube.com/watch?v=0pn_oTIwy4g&playnext=1&list=PLFD4B9E01D33F6BB1
httpv://www.youtube.com/watch?v=
httpv://www.youtube.com/watch?v=Z78aaeJR8no&feature=related
Mais referências –
– Site oficial de Sir Ken Robinson
– A escola mata a criatividade – entrevista de Ken Robinson à revista Isto É –
– O Element- Chave – por Sir Ken Robinson – Ed. Ediouro
– Out of our minds – learning to creative – John Wiley Trade Ed.
– O fim da infância (1) – por Luiz C. Garrocho
– O aprendizado: Proust visto por Deleuze – por Luiz C. Garrocho
– Crédito da imagem: Ricardo Metayer
3 respostas em “Como a educação elimina a criatividade: uma conferência de Ken Robinson”
Ken Robinsom foi bem taxativo quando disse: A Criatividade hoje é tão importante na educação como na alfabetização…
Acabei de conhecer seu blog. Quero deixar meus parabéns pelo trabalho competente! E também pelas ótimas reflexões! Abraços!
Agradecido pela sua visita Lesly. Volte sempre.