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Antes de Adão: Jack London

“Bem cedo em minha infância aprendi que as nozes vinham do mercado, os morangos do vendedor de frutas; mas, muito antes de saber disso, em meus sonhos, colhia nozes nas árvores ou as juntava e comia debaixo das árvores e, da mesma forma, comia morangos de trepadeiras e arbustos. E essas coisas não faziam parte de nenhuma de minhas experiências.”

Narrada na primeira pessoa, essa é a história de um menino que passa a ter sonhos que, depois de um tempo, descobre que eram vivências dele, na pele de um ancestral seu: um primata jovem.

Um livro que qualquer adulto amante das boas histórias gostaria de ler para si e, igualmente, para uma criança – ou um grupo de crianças. Jack London é um mestre de aventuras sem fim, com adaptações para o cinema, como Caninos Brancos. Em Antes de Adão vamos seguindo as lembranças desse tempo em que o menino foi um primata, seus embates com a família, quando começam a perceber nele comportamentos estranhos, quando situações cotidianas remetem a essas memórias ancestrais.

E num tempo em que nos afastamos tanto de nossas origens, a epígrafe dese livrinho nos lembra de que, afinal, somos animais que descenderam de primatas:

“Estes são nossos ancestrais e sua história é a nossa história. Lembrem-se de que tão certo como um dia descemos das árvores e caminhamos eretos, também tão certamente, numa época bem mais remota, saímos rastejando do mar e vivemos nossa primeira aventura na Terra.”

Há momentos intensos, em que a luta pela vida é crucial. E um deles é quando ele se vê caindo de uma árvore, ainda bebê quase e sua mãe, uma macaca, o salva de um predador. E também, destaco a fase em que ele, mais adolescente encontra uma companheira e é perseguido por um macaco mais velho e violento.

Jack London, pela sua escrita e vida errante e nômade, de aventureiro, amante da vida na natureza, influenciou muita gente, como Jack Kerouac, em On The Road.

Dentro da nossa tematica, a cultura lúdica e a infância, esse pequeno grande livro, Antes de Adão, é uma coisa preciosa: nos coloca na pele de um menino que vive o seu lado selvagem, aqui literalmente. E que, por isso, está em conflito com o mundo polido, frio e comedido dos costumes sociais.

Por Luiz Carlos Garrocho

Pesquisador e criador cênico, arte-educador e militante estético-cultural.

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