Aguardava na entrada da sala de práticas de teatro uma turma de crianças que tinham entre 9 e 10 anos de idade. Meados dos anos de 1980, em uma escola formal de ensino médio. Noto que uma menina chega com uma boneca na mão. Aquilo se tornou emblemático para mim, para o resto de minha vida: essa criança não tem que se desfazer desse objeto que forma um mundo para ela. Cada momento em que me deparo, inclusive com atores e atrizes, é sempre isso: o que vem – o que emerge no momento – deve fazer, de algum modo, parte do processo criativo.